Palavras passam como peixes num rio abundante
Bashô os ignora
e abre as ostras
Drummond viu o amor mudo
dos peixes
Baudelaire, o sufocamento
Quintana, o peixe-se
Rimbaud, se o barco
Hemingway pesca
As palavras, como peixes, arriscam-se à flor d’água
Para comer cor e aumentar
Dickinson afasta a turbidez com a mão
Proust enevoa
João Cabral come cru
Mia, a língua
Saramago salga
Hilst cospe
O alevino em Pessoa
Salmos procriam nas nascentes
Apesar do anzol
Comments